Caratê (português brasileiro) ou caraté (português europeu é uma arte marcial japonesa que se desenvolveu a partir da arte marcial autóctone deOquinaua sob forte influência do chuan fa chinês[b]. Essa influência foi maior por parte dos estilos mais fluidos e pragmáticos da China meridional[1]. Seu repertório técnico abrange principalmente golpes contundentes — atemi waza —, como pontapés, socos, joelhadas, bofetadas etc., executadas com as mãos desarmadas. Todavia, técnicas de projeção, imobilização e bloqueios — nage waza, katame waza, uke waza — também são ensinados, com maior ou menor ênfase dependendo do onde se aprende.
O estádio da modalidade na transição entre os séculos XX e XXI tem dado ênfase à evolução do condicionamento físico, desenvolvendo velocidade, flexibilidade e capacidade aeróbia para participação de competições de esporte de combate, ficando relegada àquelas poucas escolas tradicionalistas a prática de exercícios rigorosos, que visam desenvolver a resistência dosmembros, e de provas de quebramento de tábuas de madeira, tijolos ou gelo. De um modo simples, há duas correntes maiores, uma tendente a preservar os caracteres marcial e filosófico do caratê e outra, que predende firmar os aspectos esportivo e lúdico.
A evolução da arte marcial aconteceu capitaneada por grandes mestres, que a conduziram e assentaram suas bases, resultando no caratê moderno, cujo trinômio básico de aprendizado repousa em kihon (técnicas básicas), kata (sequência de técnicas, simulando luta com várias aplicações práticas) e kumite (luta propriamente dita, que pode ser simulada, esportiva ou real).
Ainda que comunguem de similitude técnica de origem, a partir do primeiro quartel do século XX, surgiram diversas variações de escolas, até umas dentro das outras, pretendendo difundir seu modo peculiar de entender o caratê. Tal circunstância, que foi combatida por mestres de renome, acabou por se consolidar e gera como consequência atual a falta de padronização e entendimento entre entidades e praticantes. Daí, posto que aceito mundialmente comoesporte, classificado como esporte olímpico[2] e participando dos Jogos Pan-Americanos, não há um sistema unificado de valoração para as competições, ocasionando grande dificuldade para sua aceitação como esporte presente nos Jogos Olímpicos.
O estudioso/praticante do caratê chama-se carateca, que busca desenvolver disciplina, filosofiae ética, além de aprender simples movimentos e condicionamento físico.
Ética e filosofia
Além das mudanças para facilitar a divulgação do caratê, Sensei Funakoshi foi eficaz em imprimir solenidade aos treinamentos, respeito para com mestres, instrutores e praticantes, de forma mútua, o que realça o carácter de formação de bons indivíduos.
O treinamento tradicional de caratê deve começar e terminar com um breve momento de meditação, mokuso, cuja finalidade é preparar ocarateca para os ensinamentos que receberá e, depois, refletir sobre os mesmos. A cada momento ou exercício faz-se saudação no começo e no fim, sendo costume difundido em vários dojôs fazer uma reverência ao entrar e sair do sítio.
Esse carácter mais abrangente do caratê é bem visível pela partícula "dô" (em japonês: 道?) de seu nome. Tais princípios, posto que a grande mudança filosófica ocorrida nas artes marciais japonesas possa ser concontrado na transição do século XIX para o XX, suas raízes remontam bem mais no passado.
O monge Peichin Takahara foi o primeiro a descrever a filosofia do "dô", do caminho de evolução que são as artes marciais. Ainda no século XVII, ele desceveu as três vertentes que, combinadas, culminam na evolução da pessoa: ijo, fô e katsu.
§ Ijo (em japonês: 径?) pode ser expresso em atitudes pró-ativas em favor de terceiro. Também se diz que a forma ijo respousa nacompaixão, humildade e no recato.
§ Fo (em japonês: 则 ou 献?) é o compromisso, isto é, a dedicação que alguém tem para com algo; no caso, o afinco com que um caratecatreina os conhecimentos ensinados, a seriedade e devoção que nutre, além, para com seu mestre e colegas.
§ Katsu (em japonês: 奉?) reflete-se no conhecimento, na compreensão que a arte marcial possui, mas compreendida nos mínimos detalhes e em que momentos, da vida ou de um enfrentmento real, farão sentido.
O conceito do caminho evolutivo que é a prática do caratê pode ser achado em todas as artes marciais japonesas, é uma leitura japonesa do Tao. Como caminho, deve ser interpretado de forma abrangente/ampla, para a compreensão de um ciclo de vida, eis que o caminho é já pré-determinado, em que há uma relação de interdependência de todas as coisas e situações.

Nesta cércea, o caratê se insere como uma das disciplinas do Bushido, o código de ética do guerreiro. Assim, o caratê é muito mais do que uma forma de luta (o "dô" rejeita esta visão limitada), é um modo de vida.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário